O que você acha que está faltando neste blog?

Myspace Comments, Glitter Graphics at GlitterYourWay.com

As Metáforas da Liderança Cristã

|



I Tm 2:1 – 13

Nesta passagem, o apóstolo Paulo faz uso de três figuras para ilustrar a natureza da relação entre o líder e o ministério do evangelho. Ele compara o serviço em prol do evangelho às figuras de um soldado, de um atleta e de um agricultor. Vale destacar que esta tríplice figura é utilizada por Paulo também em I Co 9:6,7,24-27.


1. Como Soldado, entrega-se Totalmente.

Paulo compara o líder eclesiástico a um soldado em serviço. A própria metáfora propõe: “ Nenhum soldado em serviço se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o arregimentou para a guerra” . O objetivo de Paulo é que Timóteo deve entregar-se totalmente com devoção sincera, ainda que à custa de grande sofrimento, ao Senhor divino, àquele que o alistou para o trabalho.


Como sempre quando tratamos com figuras de linguagem, precisamos aqui ter o cuidado para não forçar uma idéia que a figura não autoriza e que não foi à intenção de Paulo ao usá-la. Não se trata de proibir o trabalho secular, mesmo porque Paulo fazia tendas ( cf. Atos 18:3, II Co 11:9; II Ts 3:8 ) nem proibir casamentos, como querem entender os católicos romanos, mas enfatizar o princípio de que o coração do líder cristão, deve se esforçar para obter melhores resultados para o Reino de Deus. O serviço militar exige atenção total dada à realização dos planos e estratégias do oficial comandante.


Se um soldado no seu campo de trabalho, tem como objetivo principal, satisfazer o seu comandante; de igual modo, Timóteo e qualquer outro líder, deve entender o que o ministério cristão, deve absorver por completo seu coração, seu tempo, sua mente, sua vida e esforços. Hendriksen, comentando esta metáfora assim se expressa: “Se um soldado prosseguisse com seus negócios pessoais, tanto que absorvesse seus interesses, de modo que viesse a “ envolver-se” nele, não seria capaz de entregar-se à tarefa designada de soldado”


As palavras de Calvino também são esclarecedoras:.

Ele aqui está dirigindo-se aos pastores da igreja na pessoa de Timóteo. Sua afirmação tem uma aplicação universal, mas se adequa especialmente aos ministros da Palavra. Primeiro, que percebam as coisas que prejudicam seu trabalho, desvencilhem-se delas e então sigam a Cristo. Em seguida, que outros também tenham seus olhos abertos, cada um de per si, para aquilo que os mantêm afastados de Cristo, a fim de que o nosso Comandante celestial não tenha menos autoridade sobre nós do a que os homens mortais mantêm sobre seus soldados que se alistaram ao seu serviço.

Esta metáfora ensina que todo verdadeiro e fiel servo de Jesus Cristo se dedicará realmente e de todo coração á sua tarefa, com o fim de agradar a seu mestre ( cf. I Co 7:32-34; cf. I Jó 3:22 )


Aqui, a figura reforça o princípio de obediência às normas. “Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas” . Essa figura é utilizada em outros lugares do N. T. ( Cf. Hb 12: 1,2; I Co 9: 24,25 ) onde a vida cristã é comparada a uma corrida, dando ênfase à auto disciplina, e desembaraços de todo peso de pecado e a insistência para corrermos segundo as normas.

O contexto mostra que competir “de acordo com as regras” tem uma aplicação mais vasta do que á que se refere á nossa conduta moral. Paulo está descrevendo o serviço cristão, não somente a vida cristã. Parece estar dizendo que os prêmios pelo serviço dependem da fidelidade. O mestre cristão deve ensinar a verdade, construindo com materiais sólidos sobre o fundamento que é Cristo, se que que sua obra permaneça e não seja consumida pelo fogo ( cf. I Co 3:10-15 ). Assim, Timóteo deve confiar o depósito a homens fiéis, combatendo também o bom combate, completando a carreira e guardando afé, somente assim poderá ele esperar receber, no último dia, a mais desejável de todas as coroas: “a coroa da justiça” ( 2 Timóteo 4:7,8 ).


Como soldado, o líder cristão deve servir de todo o coração; como atleta, deve trabalhar segundo as normas; e agora, como lavrador, o líder cristão deve trabalhar sacrificialmente ( cf. I Co 3:9 ). A analogia aqui evoca trabalho árduo. Precisamos nos lembrar de que Israel era uma sociedade voltada à agricultura e este trabalho com a terra era um trabalho pesado, visto que os instrumentos utilizados eram rudes e modestos.

Era um trabalho pesado e embora não arassem até a queda das primeiras chuvas, mesmo assim a terra se apresentava dura e pedregosa, e a lamina do cerrado embotado pelos cardos guinchava e rangia contra ela. O lavrador não iniciava sua tarefa sem primeiro orar: “Senhor, a minha parte é vermelha, a tua é verde, nós oramos, mas és Tu que dás a colheita”

Este princípio de trabalho árduo é encontrado também em I Co 15:58 – “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão”. A palavra grega usada aqui para “ trabalho” é kopos e dá a idéia de fadiga, trabalho pesado e sacrificial.

Calvino apresenta o seguinte comentário para 2 Tm 2:6 quanto à figura do lavrador:

O significado, portanto, é que os trabalhadores não colhem os frutos enquanto não tiverem labutado arduamente no cultivo da terra, na semeadura etc. Ora, se os lavradores não se esquivam do labor que visa a obtenção dos frutos depois de certo tempo, e se esperam pacientemente pela colheita, quão absurdo seria se recusássemos o trabalho que Cristo nos impõe, quando temos a promessa de um galardão infinitamente gloriosos!




Fontes:BOETTNER, Loraine. São Paulo, SP: Editora Imprensa Batista Regular. 1985. p. 239
Hendriksen, Op Cit., p.305
Calvino, As Pastorais. p. 224
STOTT, Op. Cit., p. 47
CF. Henry Daniel-Rops. A Vida Diária nos Tempos de Jesus. São Paulo, SP: Ed. Vida Nova, 1986. p.p. 151-154
Ibid., p. 152
Calvino, As Pastorais. p. 225

0 comentários:

 

©2009 Gospelândia | Template Blue by TNB